domingo, 13 de maio de 2012

“DentroFora”



Para encerrar a programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, foi encenada, no Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, no último sábado (12/05), a peça “DentroFora”, da Cia. In.Co.Mo.De.Te, de Porto Alegre.
Com texto de Paul Auster e direção de Carlos Ramiro Fensterseifer, a atriz Liane Venturella e o ator Nelson Diniz apresentaram ao público um belo exemplo do Teatro do Absurdo, termo criado por Martin Esslin, para descrever trabalhos de dramaturgos como Alfred Jarry, Samuel Beckett, Jean Genet e Eugène Ionesco, dentre outros, que, normalmente, apresentam pessoas presas a situações sem solução ou sentido.
O cenário (Élcio Rossini) é muito simples, mas, ao mesmo tempo, produz um efeito extremamente interessante. Inclui apenas duas caixas com três lados opacos e um transparente, separadas por um vão escuro, dentro das quais encontram-se um homem e uma mulher, que trajam figurino e maquiagem (Rodrigo Nahas) em preto e branco, como se pertencessem a um tempo já passado.
Apesar de separados pelo vão, o homem e a mulher dialogam sobre assuntos aparentemente triviais, como o significante e o significado da palavra “Azul”, com tons de voz abafados pelas caixas fechadas, mas perfeitamente audíveis.
A iluminação limita-se ao interior das caixas (com exceção de uma única projeção em azul sobre a plateia, quando a palavra “azul” é abordada), variando de tons frios a tons mais quentes (principalmente quando as personagens manifestam lembranças) e voltando, novamente, aos tons frios, enquanto a trilha sonora acompanha e cria clima para a execução das cenas.
O que estariam fazendo estas pessoas dentro destas caixas? As próprias personagens se questionam sobre isto, mas não chegam a conclusão alguma. A mulher até arrisca-se a sair da caixa, mas logo muda de ideia e volta para o seu interior.
Todo o conjunto resultou em uma visualidade plástica muito interessante, juntamente com a excelente interpretação dos atores, e mesmo aqueles que disseram não ter apreciado muito a encenação desta vertente teatral, após o espetáculo, emitiam opiniões e impressões: seriam eles manequins presos em uma vitrine, ou mesmo em caixões? Este é o encanto do Teatro do Absurdo. Não há verdades absolutas e cada um pode interpretá-lo à sua maneira.

Gilson P. Borges

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