segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Gringa Errante"


No último domingo (06/05), o público frequentador da Feira do Cerrado teve a oportunidade de acompanhar o espetáculo “Gringa Errante”, dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha.

Trata-se de uma combinação entre a linguagem do clown, Teatro de Rua e Teatro de Animação, apresentada pela atriz, palhaça e bonequeira Genifer Gerhardt, por meio de sua personagem Palitolina Russo. Além de atuar, Genifer também recebe os créditos pela direção, roteiro e confecção dos bonecos e adereços de cena.

Ao invés de iniciar seu espetáculo no local que já encontrava-se preparado para a apresentação, Genifer aproveitou muito bem a oportunidade de interação com o espaço e o público, ao optar por sair já caracterizada como Palitolina do estacionamento da feira e ir percorrendo várias bancas, cumprimentando e convidando feirantes e visitantes a assistirem o espetáculo.

O cenário compõe-se de duas malas, das quais brotam duas altas flores confeccionadas com tecido, que são utilizadas em uma das cenas. Seu figurino, juntamente com o nariz de palhaço e um toque especial dado por seu gorro, o qual conta com uma armação de arame que permite a mudança do seu formato, caracterizam perfeitamente a personagem Palitolina.

A interação constante é o que garante a graça e o ritmo fluente do espetáculo, não somente por meio da seleção de “voluntários” que ajudam na construção de cada quadro, mas, também, da utilização de ações simples, como pedir a pessoas do público que partilhem com ela o que estão bebendo ou comendo. A simpatia natural da atriz torna tais ações ainda mais efetivas.

As técnicas de clown utilizadas são enormemente enriquecidas com as técnicas de manipulação, como ocorre no quadro em que Palitolina contracena com um casaco vestido em um tripé, encimado por um chapéu, conseguindo, em certos momentos, o efeito de que o paletó realmente tivesse ganhado certa dose de vida. O mesmo ocorre com os delicados movimentos utilizados por ela para manipular uma boneca que reproduz sua própria imagem, e que, por sua vez, manipula uma boneca menor ainda, com a mesma aparência. Esta cena é de beleza, ternura e poética ímpares e chegou a arrancar diversos comentários positivos da plateia.

Todas as cenas e ações funcionaram muito bem, o que deu a impressão de o espetáculo ser mais curto do que poderia ser. A inclusão de mais um quadro seria muito bem-vinda e poderia ajudar a suprir a sensação de “saciedade” da plateia.

O uso de microfone, principalmente em espaços maiores e ruidosos, faz-se necessário, a fim de que toda a ação seja devidamente acompanhada pelo público e que o tom de voz um pouco esganiçado, utilizado pela atriz quando o barulho aumenta, com o intuito de se fazer ouvir melhor, seja suavizado, tornando a interpretação ainda melhor.

Enfim, a “Gringa Errante” Palitolina, apesar de seu comportamento aparentemente desajeitado, conquistou a todos com sua simpatia, técnica, graça e poesia.

Gilson P. Borges

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